O cerrado brasileiro, considerado um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo, está no centro de um projeto de restauração ecológica implantado em Camapuã, no Mato Grosso do Sul, em uma área de 81 hectares, equivalente a 81 campos de futebol.
Iniciado pelo Laboratório de Restauração Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em parceria com a TTG Brasil Investimentos Florestais LTDA, o experimento conta com mais de 40 mil mudas de espécies nativas e mais de uma tonelada de sementes.
Segundo o coordenador do projeto na UFV, professor Sebastião Venâncio, o objetivo do projeto é obter informações sobre desempenho ecológico e a eficiência das técnicas usadas na recuperação do bioma, além de trazer contribuições para a preservação do cerrado, que abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul – Amazonas/Tocantins, São Francisco e Prata.
Conforme Venâncio, os estudos voltados para a restauração das vegetações savânicas e campestres do cerrado ainda estão no começo a fim de analisar quais técnicas de restauração são adequadas para o bioma.
"O Cerrado é um mosaico de formações vegetais, com florestas, savanas e campos caracterizados pela coexistência de gramíneas e espécies herbáceas com árvores de crescimento lento. As técnicas aplicadas em outros biomas podem não ser adequadas para restaurar essas formações", explica.
Além de contribuir para a recuperação da biodiversidade do cerrado, a pesquisa também tem impactos positivos na estocagem de carbono e na mitigação das mudanças climáticas.
Os primeiros dados do experimento já estão sendo analisados, e a previsão é que os resultados comecem a ser divulgados a partir do segundo semestre de 2025.
Desmatamento no Cerrado
Considerada a savana mais rica do mundo, com 6 mil espécies de plantas nativas e uma notável diversidade de espécies animais endêmicas, o cerrado abrange uma área de cerca de 22% do território brasileiro.
No entanto, em 2024, 9,7 milhões de hectares do cerrado foram queimados, sendo que 85% das chamas atingiram áreas de vegetação nativa. Os dados foram divulgados pela MapBiomas, principal plataforma de monitoramento da vegetação do Brasil.
O segundo maior bioma da América do Sul tem a menor porcentagem de áreas sobre a proteção integral, sendo uma das razões que fazem com que o cerrado seja o bioma que mais sofreu alterações com a ação humana.
Transcrito do Portal G1 - Zona da Mata