O
motorista da carreta que ficou como refém na Avenida Brasil, na noite de
domingo (6), disse em entrevista ao G1 na
manhã desta quarta-feira (7) que, antes de vir ao Rio, soube do reforço das
tropas federais e, por isso, acreditou que estava seguro. Antônio Euclides
Ribeiro, 36 anos, é de Visconde do Rio Branco, em Minas Gerais. Essa foi a
terceira vez que ele veio ao Rio.
"Por
isso que eu desci [para o Rio] mais tranquilo, pensando que estava mais seguro.
De repente, na hora que esse carro parou na minha frente e esse rapaz desceu
com a arma, eu não acreditei. Eu falei: 'esse cara vai me assaltar cheio de
polícia?'. Eu passei ali na Washington Luiz cheio de polícia, ali quase na
[Avenida] Brasil cheio de polícia, mas ele entrou", disse o motorista
Antônio, no início da manhã desta segunda (7), na Cidade da Polícia.
Para
Antônio, a ousadia dos criminosos em cometer um roubo mesmo diante do reforço
na segurança é uma questão de "certeza de impunidade".
O
crime aconteceu pouco depois das 21h. A carreta saiu de Minas Gerais
transportando quase 20 toneladas de carne e o motorista foi rendido no Rio, na
altura de Olaria. A polícia foi avisada, houve perseguição e troca de tiros. Na
altura de Deodoro, na Zona Oeste, os policiais fizeram um cerco, atiraram nos
pneus e conseguiram parar o caminhão. O carro da quadrilha que fazia a escolta
fugiu. Quando os policiais chegaram perto da carreta, o bandido que estava na
cabine fez o motorista refém.
"Eu
não acreditei. Esse rapaz entra no meu caminhão, nervoso, mais nervoso que eu.
Eu acho que ele nem sabia o que estava fazendo, deve ser novo nisso. É gente de
muita coragem. Eu acho que é a certeza da impunidade que faz isso",
completou ele, que ficou mais de duas horas sob a mira da arma do criminoso.
A
mãe de Emerson Garcia Miranda, de 19 anos, que praticou o assalto, ajudou
a negociar o fim do sequestro. "Eu pedi a ele pra tirar a arma da cabeça
do rapaz, botar no chão, deixar o rapaz descer e se render. Eu estou sem chão”,
disse Fabiana Garcia dos Santos.
Segundo
o motorista, faltava apenas 10 minutos para ele chegar ao destino previsto,
quando tudo aconteceu. Ele passou a noite na Cidade da Polícia, no Jacarezinho,
Zona Norte do Rio, e disse não ter conseguido dormir. Se possível, ele espera
não voltar mais para a cidade.
"Hoje,
eu diria que não viajava pra cá não, mas amanhã eu não sei não, porque a gente
tem que trabalhar. Eu quero só ir pra casa, ver meus filhos", disse o
motorista.
De
acordo com a delegada Eláine Rosa, da Central de Garantias, o criminoso estava
com mais quatro homens dentro do carro no momento da abordagem. Segundo ela,
Emerson não tinha passagem pela polícia e se reservou ao direito de ficar em
silêncio e não falar em depoimento.
A
delegada disse ainda que Emerson chegou a dizer aos policiais que participaram
da ação que ele seria o mais novo da quadrilha e, por isso, foi o escolhido
para abordar o motorista.
Texto e foto transcritos do G1 - Globo.com