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quinta-feira, junho 04, 2020

Cidades da microrregião de Ubá podem deixar Minas Consciente


Cerca de 20 municípios que integram o Consórcio Consórcio Intermunicipal de Saúde de Ubá e Região (SimSaúde) pleiteiam ao Governo de Minas mudanças na forma de classificar estas cidade dentro das ondas do Programa Minas Consciente, que estabelece balizas e parâmetros para a reabertura de atividades comerciais e de serviços, conforme diversos indicadores de avaliação do avanço da pandemia da Covid-19. Na última segunda-feira (1º), os prefeitos destas localidades participaram de uma videoconferência com o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, para pedir a avaliação do Estado sobre a possibilidade de que a classificação das ondas seja feita com base nos números observados dentro da microrregião de Ubá. Caso não seja feita a mudança na baliza de avaliação das ondas, os prefeitos da microrregião não descartam a saída do Minas Consciente. “Enquanto estivermos sendo avaliados dentro da macrorregião, dificilmente vamos conseguir mudar de onda”, afirmou o prefeito de Ubá, Edson Teixeira Filho (DEM).
“Na semana passada, fizemos um ofício para secretarias do Governo de Minas. O documento foi assinado pelos municípios da região, em que apresentamos os números da nossa microrregião que são mais baixos que o da macrorregião. Assim, gostaríamos de ser avaliados e classificados pelo número da microrregião, caso contrário, poderíamos deixar o programa”, detalhou Iran Couri (PT), prefeito de Visconde do Rio Branco. Em defesa da mudança de curso, Iran defende que a microrregião de Ubá tem indicadores mais baixos em relação aos números da macrorregião. “O Minas Consciente se baseia em números hospitalares. Principalmente, em leitos de UTI. Na macrorregião, a ocupação fica próximo dos 80%. A nossa microrregião está com 42%. Nosso índice é menor.”
Ainda segundo o prefeito de Visconde do Rio Branco, a cidade estaria preparada para avançar na flexibilização e retomada de algumas atividades, que, hoje, têm seu funcionamento vedado pela onda verde. “Equipamos um andar inteiro que era desativado com 21 leitos. Fizemos um centro de triagem com mais dez leitos. Conseguimos recuperar quatro respiradores após uma busca e apreensão compulsória na Casa de Saúde da cidade que estava desativada há quatro anos, levando estes equipamentos para UTIs. Nada disso foi usado, felizmente.” A despeito de apenas duas cidades da microrregião ter unidades de tratamento intensivo, o prefeito de Ubá reforça o posicionamento defendido por Iran.
“Juiz de fora, por ser uma cidade muito grande e muito próxima do Estado do Rio de Janeiro e com movimentação constante, há uma probabilidade de maior número de casos absolutos. Os hospitais podem ficar sobrecarregados. Não é o que acontece em nossa microrregião, onde temos UTIs em duas cidades, Ubá e Visconde do Rio brancos, mas estes leitos estão praticamente vazios. Na região, há 27 leitos de UTI só para a Covid, e temos um apenas ocupado. Se não formos atendidos, vamos ter que sentar e tomar uma decisão”, considera Edson, também deixando em aberto a possibilidade de as cidades deixarem o Minas Consciente. A preocupação dos prefeitos da microrregião se baseia nos aspectos econômicos. Antes de ingressarem no conjunto de normas do estado, tanto Ubá como Visconde do Rio Branco chegaram a flexibilizar suas regras de enfrentamento à Covid-19 e acabaram recrudescendo as medidas restritivas com o ingresso no programa.
Nas normas atuais, consideram-se os números de toda a macrorregião, que tem como sede Juiz de Fora – números que posicionam todos os 94 municípios da região na chamada onda verde, a mais restritiva das classificações do Minas Consciente, que autoriza o funcionamento apenas das atividades tidas como essenciais.
Segundo o Governo de Minas, ao todo, 40 municípios da macrorregião Sudeste aderiram ao Minas Consciente, o que representa “o maior bloco de apoio ao plano estadual”. “De fato, é uma macrorregião com características peculiares, pois tem a cidade de Juiz de Fora que está na segunda colocação do Estado em número de casos e de mortes, porém, olhando por microrregiões, temos outras realidades, com uma ocupação de leitos menor que 40% em alguns dos casos. Então, é justo que haja uma avaliação por micro e, assim, um direcionamento regional coordenado, dentro de regras confiáveis”, avalia Aline de Almeida Prado, diretora Regional de Saúde de Ubá.
Segundo os prefeitos ouvidos pela Tribuna, os municípios da microrregião de Ubá aguardam até esta sexta-feira um posicionamento do Estado. “Compreendemos a preocupação dos prefeitos, pois estão na ponta, bem junto à população. Propusemos que eles continuem no Minas Consciente e avaliaremos a possibilidade adequação para termos o regramento combinado com as características de cada microrregião dentro da macro Sudeste, com regras que não comprometam a saúde das pessoas”, afirmou Carlos Eduardo Amaral, após a reunião remota.
Acionada pela Tribuna, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou que “recomenda que os municípios continuem no Minas Consciente”. “Também está em avaliação a possibilidade de adequação do regramento combinado com as características de cada microrregião, dentro da Macro Sudeste, desde que não comprometam a saúde das pessoas”, diz nota encaminhada à reportagem.

Onda verde

Há pouco mais de duas semanas, os municípios da macrorregião de Juiz de Fora iniciaram uma movimentação em bloco no sentido de formalizarem suas adesões ao programa Minas Consciente. A ação foi resultado de orientação feito em recomendação conjunta assinada por 33 Promotorias de Justiça de Minas Gerais, cujos municípios de referência integram a Macrorregião Sanitária Sudeste, no intuito de unificar as ações de combate ao coronavírus na região.
Com base nos indicadores do avanço dos casos de coronavírus na região, as cidades que aderiram aos protocolos estaduais foram enquadradas na onda verde. Caso consigam ser reclassificados para a onda branca, por exemplo, as localidades da microrregião sanitária de Ubá poderão flexibilizar um pouco mais suas regras, passando a ser permitido o funcionamento com atendimento presencial de estabelecimentos de baixo risco, como floriculturas e lojas de artigos esportivos e eletrônicos.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde, Ubá tem 59 casos confirmados de coronavírus e Visconde do Rio Branco, tem nove. Nenhuma das duas cidades têm óbitos confirmados por Covid-19.
Transcrito do Tribuna de Minas.com - Editado