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sábado, março 28, 2020

Empresários do Pólo Moveleiro de Ubá temem consequências da pandemia


Com aproximadamente 300 empresas de móveis, gerando cerca de 13 mil empregos diretos, empresários do Polo Moveleiro de Ubá temem pelos impactos econômicos provocados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) na região da Zona da Mata e em todo o Brasil. Desde a última terça-feira (24/03), conforme decreto da Prefeitura de Ubá, município distante cerca de 82 quilômetros de Juiz de Fora, está determinada na cidade a suspensão das atividades comerciais e industriais, pelo prazo de 15 dias. A medida está dentro das providências que considera o agravamento do estado de atenção em que se encontra a população brasileira e a necessidade de medidas preventivas urgentes de saúde pública contra o avanço do coronavírus.
Mas, na quarta (25/03), a Comissão Intersetorial de Monitoramento da Situação de Emergência em Saúde da cidade estabeleceu a permissão para funcionamento parcial de algumas atividades industriais de apoio administrativo. Todavia, manteve suspensa a atividade de produção industrial. A deliberação autoriza o funcionamento de parte da cadeia produtiva das indústrias, desde que adotadas algumas medidas. Estão liberados a funcionar, nas indústrias, os setores de vigilância, limpeza e manutenção, serviços contábeis, financeiros e de pessoal, carga e descarga de insumos e manutenção de mecânica.
Para adotar o funcionamento, as indústrias precisarão tomar algumas medidas, entre elas comunicar ao Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest) quais setores estarão em funcionamento, além de nomes e cargos dos funcionários em atividade. Além disso, deverão adotar ações de prevenção ao contágio pela Covid-19, como intensificação das ações de limpeza, disponibilização de álcool e equipamentos de proteção individual aos trabalhadores e assegurar distância mínima de dois metros entre os colaboradores, entre outras.
‘O rombo está feito’
Em razão da suspensão das atividades de produção nas indústrias e no comércio, o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind), Áureo Barbosa, tem o receio de que a crise iniciada na saúde se transforme em uma tribulação ainda maior na área econômica. “O rombo está feito. Só não sabemos o tamanho dele, mas será muito grande. Não podemos aceitar um país parado”, afirma de forma enfática, acrescentando: “A Prefeitura de Ubá decretou a paralisação da atividade industrial no município e não temos como fazer outra coisa senão acatar. Considero que nenhuma atividade que gera economia deveria ter parado”, ressalta Barbosa.
De acordo com ele, havia uma recuperação do setor, que vinha caminhando, positivamente, desde 2019, o que inspirava confiança nos empresários. Ainda como pontua Barbosa, cerca de 17 mil pessoas vinham se beneficiando com os empregos gerados pelo polo de forma direta, e outras dez mil, indiretamente. “O maior estrago é que todo esse pessoal poderá ficar sem renda. Nós, empresários do ramo, queremos que a economia gire, porque não há outra forma de geração de recurso sem trabalho”, avalia o presidente do Intersind sem descartar a possibilidade de demissões e fechamento de fábricas.
Na opinião dele, o trabalho não pode ser paralisado, e só as pessoas que apresentarem debilidade devem ser encaminhadas para o isolamento. “Não existe estratégia sem indústrias funcionando e o comércio parado, pois dinheiro não cai do céu. É preciso continuar com as atividades econômicas e salvaguardar a vida das pessoas que apresentarem problema.”

‘Toda empresa precisa vender para faturar’

O Polo Moveleiro de Ubá é considerado o maior de Minas Gerais e um dos principais do Brasil. É formado pelos municípios de Ubá, Guidoval, Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins e Visconde do Rio Branco. A cidade de Ubá tem localização privilegiada na Zona da Mata, pois oferece fácil acesso a importantes mercados consumidores do país, como Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
Para o empresário Leonardo Lopes, proprietário da Cel Móveis, que atua no ramo há 24 anos e tem, atualmente, cerca 150 empregados diretos e terceirizados, a situação resultante da pandemia é preocupante. “Toda empresa precisa vender para faturar e cumprir seus compromissos e seguir funcionando. Mas, estamos de diante de uma reação em cadeia, pois, primeiro, foram fechadas as lojas, e o lojista ficou sem cliente e não terá faturamento para pagar o que nos comprou no passado, nem vai comprar para frente”, observa o empresário, que realiza vendas para todo o Brasil.
Segundo ele, com a suspensão da produção, muitas empresas paralisaram as atividades sem estoque de produto acabado e, quando voltar, terão que começar do zero. “É angustiante, pois será que vou vender e será que meu cliente terá como me pagar? Estamos muito preocupados e, na parte social, a preocupação é manter os empregos. Temos funcionários antigos e que vestem a camisa, mas, em um momento deste, não é descartada a demissão em última hipótese, porque, para salvar uns, terão outros que ser sacrificados. Estamos paralisados, respeitando as leis, mas temendo que o reflexo disso será muito mais grave.”
Transcrito do Tribuna de Minas Digital